quarta-feira, 30 de maio de 2012


Da boca do carrasco nenhuma palavra, só o escarro incipiente.
De tão jocoso o beijo da prostituta matou a amada e a rotina.
Isso não seria ruim, se não levasse ao remorso.

As caravelas do tempo resistirão aos ventos
soprados pelos homens com tanta força?

Espalharam,
suas misérias,
empunharam espadas,
seus tendões,
viraram cordas rígidas
para  futuras bruxas incendiadas.

Nem se quer pode relacionar,
seus feitos heroicos com a anestesia  do sucesso,
nem o tamanho de todas suas aptidões bondosas.
Dormiu, não acordou o mesmo, apenas mais insatisfeito,
por tudo criado.


quinta-feira, 24 de maio de 2012


O mundo é esse mastigar sem dentes.
Para enfrentá-lo é necessário ter pedras suficientes.
Não sei se as possuo em grandes quantidades.
As janelas são muitas e instáveis.

 Quebrá-las é preciso!

As que se quebram sozinhas pela instabilidade da vida,
o tempo corrente leva os estilhaços.
Armazenados em perímetro,
encalham a causalidade.
Apresentando o desvio em direção única

Forçosamente se transformam em esculturas de cacos pontiagudos.

As intactas.
Carregam atalhos preenchidos pela incerteza.
Basta ter pedras!
Coragem para atirá-las com toda força.

                                             [jamais deixe, quebrarem sozinhas]
E tudo pode ser diferente.
Os cacos não serão esculturas amedrontadoras,
fundirão as pedras em impacto ígneo,
formando uma máquina de combate que o mundo temerá.




quarta-feira, 16 de maio de 2012


Todo nascimento é um distúrbio:
Grito, choro, revolução.
O distúrbio do processo aleatório da evolução.

 As imagens, o distúrbio da luz,
na pupila, outro distúrbio do cérebro, a visão.

A expiração,o distúrbio finalizado do oxigênio intoxicante.
A inspiração, o distúrbio repetido, do oxigênio à célula,
 processo  irreversível do envelhecimento.

 O nome, o distúrbio de ser você mesmo,
 em meio aos outros confundido.

 O pecado original, o distúrbio da alma ingênua,
 sua penitência, o distúrbio inventado por alguém.

 Na amamentação, o distúrbio da fome satisfeita.
Andar, o distúrbio da posição animal : ereto, humano, a queda.
O “não”, trincos e trancas, o distúrbio do caminho .

Experiência do distúrbio é irreversível.

A vida continua
A evolução continua
O nome chamado continua
A tranca continua
A religação continua
O distúrbio continua.






terça-feira, 15 de maio de 2012

Confuso as opções se tornam curtas
Os benefícios de um intelecto alinhado se desfaz.
Na proposta indevida de uma partida.
Suas pegadas serão apagadas pelo caminho.
Perde-se a identificação, procuram-se novos momentos,
um pouco diferentes mais sempre miseráveis.
Instala-se uma súbita cantoria alegórica.
Uma dança venenosa de poderes malfadados.
Ilusão serena do desconhecimento.
Felicidade clandestina que prendi, sequestra,
e te joga nos braços de um vício qualquer.










segunda-feira, 7 de maio de 2012


Homem indigesto




Concreto reducionismo de votos intransigentes .
Tua ética é o resultado da falta.
Homem indigesto,
seus dentes caem ininterruptamente.
Reconhecido impostor pelo estrago inaceitado.
Moral desvalida,
apetece teu desejo de prosseguir.
Virulento é o estágio de seus feitos retratados,
infames em desordenados saltos de incoerência e impulsividade.
Armado do mais perfeito argumento sofista.
Desafia,
reage dissimulado.      
Mordida essa não fere,
retrata frágil uma boca que acaricia sua presa.






quarta-feira, 2 de maio de 2012




Não sei porque me aproximo de certas pessoas.
Sei que me aproximo, isso importa.
Importaria mais se as amasse,
mas não consigo, de alma não mais.
Mantê-las perto é gerenciar meu esclarecimento.
As minhas aceitações, entrego.
Duplo universo de erros desculpáveis e imperceptíveis.
Prisão que une como por encanto.
Castelos, intenções e um entusiasmo pagão.