quinta-feira, 27 de setembro de 2012


PASSEIO

De uma esquina a outra,
olhares circulantes penetrados no vazio.
Um bêbado caído à sarjeta,
bile vomitada, encharca seu corpo,
Sinônimo de cirrose, pouco tempo de vida ?
Informalidade!
Vendedor ambulante,
decibéis reverberantes,
sua voz intempestiva,
atiça o consumo alheio.
Vislumbrado pelo fetiche da mercadoria barata, compra-se.
Na esquina a vendedora-mercadoria espera,
o desejo do cliente voraz.
Placas de propaganda humanas,
mas parecem dominós,
infantaria dos desempregados.
No cruzamento beijo elástico, metálico, humano dirigido.
O calor sufocante da respiração asfáltica.
O rosto pálido do mendigo faminto e sua mão aberta em piedade.
A construção do prédio não para......
Para sim!
Com o desfile da morena rebolante.
As sombras se misturam, as pessoas parcialmente.
Comunicáveis pelo ruído ensurdecedor do cotidiano,
fala-se cada vez mais alto e menos se escuta.
O atrito do acaso provoca discussões, brigas e possíveis mortes.
Andando descalço sobre quentes placas de concreto,
sinto as farpas afiadas da sociabilidade urbana moderna.

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


Olho nós e vejo um céu de nuvens coloridas.
Futilmente sopradas em direções opostas.
Esparsas,
desfiguram a construção do belo.
Não há como uni-las sem o elo da irrelevância.
Elo, este, presente , unilateral e sintomático.
As diferenças extrapolam o simples fechar dos olhos.
Doação e egoísmo,
excesso e abstenção,
beleza e fealdade,
autenticidade e plágio.
Para seres difusos, o amor não é a chave do encanto.
Se torna curto e as perguntas infindáveis.
Potencialidade dentro de uma definição incerta,
admito, existe.
Basta medir em mim o tanto de espaço que o vazio preenche.

 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


Na direção contrária passos apertados.
Gigantes,
eles se desdobram em fúria.
Os pés castigados constatam o afastamento.
Forças revigoradas na distância que nunca cessa.
Andar para longe carregado de inquietações,
produzidas por uma digestão que começa pelos olhos,
estende-se muitas vezes pelo ouvido.  
Não é um desafio é uma necessidade.
Caminha-se em explosão
Num meio fio qualquer,
um altar improvisado.
Humano,
senta e beija seus pés em louvor.
Anuncia uma nova caminhada
Abastece-se com a esperança de alcançar,
aquilo que provavelmente nunca será alcançado.