domingo, 26 de agosto de 2012


As mãos espalmadas em pranto.
Pranto de uma terra que dele escapa,
uma batalha perdida por muitos.

As mãos erguidas em pranto,
da compaixão esquecida,
a terra o homem cobre.

As mãos estendidas em pranto,
pro amigo imaginário,
do amigo verdadeiro,
 a morte condensada.

As mãos tecidas e desterradas.
Serradas em punho.
Movimentos certeiros,
de  ligeiros homens livres em luta.

As mãos pregadas no rosto,
enxugam o suor e as lágrimas
do faminto trabalhador.

As mãos fechadas em bloco,
comprimem a bela moldura da esperança.

 As mãos dispersas em aceno,
contagiam tristes a incerteza da volta.

domingo, 12 de agosto de 2012


Beije minha boca,
com a mesma intensidade que me xinga.

Essa fúria ainda não contida,
empata nosso instante sem consenso.

 Beije em contrato alterado,
essa falida boca de língua circense.

As bocas coladas menos se ofendem,
soltas, enfática absorção verbal.

 Beije,desejando minha morte,
mesmo que deste beijo escorra apenas nossa angústia.

Não grite, beije.
Nem pense no depois


domingo, 5 de agosto de 2012


A vida despida por encontros desmontáveis,
faz o joalheiro não lapidar o diamante substituto.
Uma jóia deficiente.
A vaidade de quem usa é maior que sua imperfeição.
Em dedos magros de juntas salientes, ela brilha manca.
Estranhamente com outra mão se choca.
Impelida a jóia se apresenta perfeita e risonha.
Cai mais uma pedra na solidão do objeto,
a mão desesperada procura nova pedra caída.